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Centro Cultural Penha

São Paulo é conhecida como a capital da cultura no Brasil. É possível encontrar comida típica de países distantes, eventos de arte, peças de teatro consagradas e todo tipo de música ao vivo durante toda a semana. Aqui, existe um programa legal para todos os gostos. Mas e para quem mora na periferia? Muitas vezes, o deslocamento até o centro desencoraja quem gostaria de fazer algo diferente no fim de semana - sem falar no custo que algumas dessas atrações podem ter.

 

Esse cenário, porém, está mudando aos poucos com a criação de novos centros culturais por iniciativa da prefeitura. Um deles é o Centro Cultural da Penha (CCP), na Zona Leste. Lá, é possível ter acesso a cursos, oficinas (15 por semestre, em média), exposições, atividades para crianças, shows e espetáculos de dança, em sua maioria, sem custo algum.

 

Inaugurado em 2012, o centro é vinculado à Coordenadoria de Centros Culturais e Teatros, da Secretaria Municipal de Cultura. De acordo com o site do CCP, compõem o lugar o Espaço Cultural Mário Zan (com capacidade para 80 pessoas sentadas), a Biblioteca José Paulo Paes (com acervo de 46 mil volumes), o Teatro Martins Penna (com cerca de 200 lugares) e o  FabLab (um laboratório de criatividade, aprendizado e inovação acessível a todos os interessados em criar, desenvolver e construir projetos), além de estúdios de som e ensaio e diversas salas de estudos.

 

Segundo Claudeti Kovacs de Oliveira, funcionária antiga da casa, que atende na recepção, o objetivo dos centros culturais periféricos é propiciar cultura onde as pessoas estão. Para ela, falta ainda muito mais incentivo por parte do Governo para que a população frequente esses espaços. As autoridades deveriam se informar quanto ao que as pessoas procuram em termos de entretenimento. No caso do bairro da Penha, os favoritos são o teatro, a dança e, “por incrível que pareça”, como disse Claudeti, a escrita.

 

Claudeti garante que no CCP não há discriminação.  Para ela, o grande triunfo do local é resgatar pessoas que estavam à margem da sociedade. Ela conta a história de um jovem de 19 anos, que com Síndrome de Down, teve a oportunidade de participar da dança vocacional. Após o término do curso, ele conseguia desenvolver sozinho atividades nas quais costumava precisar da ajuda dos familiares, como comer e se vestir.

 

Claudeti conta que os próprios moradores da Penha não costumam conhecer o centro cultural. Aliás, ele é comumente referido como “biblioteca” pelos jovens, que frequentemente utilizam o acervo da Biblioteca José Paulo Paes. Orgulhosa do trabalho do CCP, ela lamenta que o local não seja tão frequentado quanto deveria. Sincera, ela acredita que a falta de interesse vem da própria população.

 

Entre os frequentadores, a maioria é adolescente ou idosa e moradora do bairro. O CCP também recebe moradores de outras partes da Zona Leste, bem como de outras regiões, como o Jabaquara, na Zona Sul.

 

Claudeti afirma que a Penha tem grande valor histórico-cultural para a cidade de São Paulo. O centro do bairro foi tombado e não pode ser modificado. A Penha ainda possui características e arquitetura de uma cidade antiga, do século XIX. Ela cita a Igreja do Rosário, em frente ao CCP, construída por negros, que não podiam frequentar o Santuário da Penha. Por lá, ocorre no mês de junho a Festa do Rosário, com apresentações de dança como a congada, afro-brasileira, e a marujada, típica do Nordeste.

 

Esse tipo de iniciativa é importante para mudar a imagem do restante da população com relação à periferia. Essa palavra tem uma conotação ruim. Para muitos, periferia é sinônimo de um lugar perigoso, violento e ocupado por pessoas ignorantes. É justamente essa visão estereotipada que proporciona um isolamento ainda maior dessa população. A cultura pode ser uma grande aliada, como uma forma de manter os jovens afastados do crime e das drogas, além de ser uma maneira saudável de se expressar.

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